O que é a Psicoterapia Corporal?
Uma abordagem teórica e prática que se desenvolveu a partir da Psicanálise. Seu fundador, Wilhelm Reich, foi aluno de Freud.
Na década de 1930, começou a trabalhar diretamente com o corpo dos pacientes, para aprofundar e liberar a respiração, a fim de melhorar e intensificar a experiência emocional do paciente. Junto do trabalho psicanalítico, associou a observação do corpo, das expressões faciais, da voz, dos padrões de tensões musculares, descrevendo o que chamamos atualmente de linguagem corporal.
Em 1939, Reich mudou-se para os Estados Unidos, onde continuou desenvolvendo suas pesquisas e técnicas. Com o passar do tempo, a Psicoterapia Corporal foi se ramificando, conforme seus alunos aprendiam e desenvolviam novas técnicas. Dois de seus alunos, Alexander Lowen e John Pierrakos, nos EUA, desenvolveram e ampliaram o método no que, hoje, se conhece como Análise Bioenergética.
Lowen estudou com Reich de 1940 a 1952 e fez terapia com Reich de 1940 a 1945. Nesse período da sua terapia, ele se deu conta de que uma importante maneira de conseguir o verdadeiro desenvolvimento pessoal no presente é reviver o passado. E que o passado está inscrito no corpo.
Lowen, a conselho de Reich, foi estudar Medicina. Mudou-se dos EUA para estudar na Suíça. Quando voltou, Lowen associou-se a John Pierrakos, médico e também aluno de Reich, e juntos começaram a explorar possibilidades diferentes de trabalhos, envolvendo o corpo e outros exercícios corporais no processo psicoterapêutico.
Principais Conceitos
Quem passa pela Psicoterapia Corporal pode obter uma maneira satisfatória para resolver momentos de crise pessoal, aprofundar seu autoconhecimento e liberar suas vivências em direção à alegria e à criatividade.
Para isso, os principais conceitos que direcionam a prática do terapeuta são os seguintes:
Respiração, pulsação: respirar é a base para toda experiência de relaxamento e liberação de tensão. Assim como a respiração acontece naturalmente, a vida também. É sempre movimento: ora expansão, ora retração. A vida pulsa, nosso corpo pulsa e precisamos aprender a respeitar e nos entregar a cada momento, sem querer controlar constantemente.
Grounding: nosso corpo e sensações que nos dão toda a base da realidade vivida. Pés no chão nos aterram à realidade e podemos enxergar as coisas com mais leveza. Perceber nossa estrutura para que possamos sentir o que sentimos e ser quem somos.
Unidade Funcional: o sujeito é visto como uma unidade corpo-mente-espírito.
Couraças: são padrões de bloqueios e tensões nos músculos, fáscias e nervos, que impedem o livre fluir da energia do corpo.
Energia, fluxo, vida: quando percebemos que a vida está estagnada, no automático, entediante, é porque existe uma falta da circulação da energia dentro do nosso sistema. Perdemos a vontade de fazer as coisas, ou fazemos tudo mecanicamente, sem sentimento, sem conexão. A vida é um constante fluir da energia que percorre todo o nosso corpo, para que assim possamos sentir a disposição, a ação espontânea e natural, com graça e emoção.
Prazer: é a descarga das tensões. A energia acumulada forma tensões em nosso corpo. Nossas experiências de prazer estão ligadas com a forma com que experenciamos a carga e a descarga dessa energia. Uma vida abundante é uma vida em que se permite viver boas experiências de prazer.
Autoconsciência, autoexpressão, autocontrole: desbloquear as vivências do passado, para que elas possam se tornar conscientes. A consciência do que sentimos, de quem somos, nos permite a expressão do nosso ser com autenticidade. Assim como, o controle das escolhas que são possíveis para guiar a própria vida.
Integração: a experiência no corpo nos permite sentir quem essencialmente somos. Experenciamos nossas emoções, nossas vivências e vamos descobrindo nossa alma. A cabeça (as ideias, os pensamentos) vai se conectando com o coração (as emoções), que vai integrando toda a estrutura do corpo, das experiências de um ser que vive. Viver com os pés no chão, de coração cheio e com a cabeça no lugar – isso é viver em integração.
Como a Psicoterapia Corporal funciona?
Os padrões corporais cronicamente rígidos, juntamente com as representações mentais, crenças e valores que sustentam esses padrões, constituem a estrutura de caráter, que influencia a autopercepção, a autoestima, a autoimagem e a relação com o ambiente.
O terapeuta corporal possui uma segunda linguagem, para além da fala do paciente. Conforme a experiência tem demonstrado, esta segunda linguagem possibilita reviver suas relações do passado, conseguindo mais facilmente alcançar um nível profundo de experiência, do que com a abordagem puramente verbal.
Alcança-se a estrutura básica do problema e, assim, a disfunção torna-se mais visível e pode ser compreendida e tratada.
O indivíduo é visto como uma unidade. O que afeta a mente, afeta o corpo e vice-versa.
As defesas psicológicas usadas para lidar com a dor e o estresse da vida (tais como racionalizações, negação e supressões) também estão ancoradas no corpo. Elas aparecem no corpo como padrões de tensões e bloqueios que inibem a expressão.
Esses padrões, hoje, limitam o desenvolvimento da pessoa e tornam disfuncionais suas respostas ao ambiente. Mas como se tornaram inconscientes e constituem a identidade da pessoa, ela não consegue se modificar sozinha, mesmo que saiba qual é o problema.
Por isso, o terapeuta corporal se baseia na leitura corporal, na história que a pessoa conhece sobre si e consegue contar, bem como deduz a história que o cliente ainda não conhece, a partir daquilo que o corpo mostra.
A busca é por liberar as tensões, fazendo com que se tenha acesso às emoções inconscientes e desagradáveis, para que parem de criar conflitos no presente.
São utilizados vários exercícios e posturas (em pé, sentado, deitado) – sempre com a aprovação e colaboração do paciente – para promover as vibrações no corpo, responsáveis por liberar a circulação da energia no corpo.
E, com isso, a consequente possibilidade de novas respostas emocionais à realidade externa.
Quando procurar a Psicoterapia Corporal?
A Psicoterapia Corporal tem como objetivo o resgate da liberdade e da expressão da pessoa. Dar espaço de existência para o ser livre, espontâneo, amoroso e íntegro.
Por isso, muitas são as pessoas que podem se beneficiar dessa terapia.
As principais queixas costumam ser:
Depressão e/ou ansiedade.
Crise de Pânico.
Medos.
Tristeza ou sensação de falta de vontade para fazer as coisas.
Bloqueios, estagnação na vida.
Sentimentos de culpa e vazio.
Traumas.
Dificuldades nos relacionamentos (amoroso, familiar, profissional).
Também outras situações podem aparecer e que o tratamento com a Psicoterapia Corporal inclui:
Desejo de mudar a própria vida ou seus pontos de vista.
Busca pelo autoconhecimento.
Busca de significado para a vida.
Dificuldades para lidar com mudanças que estejam acontecendo ou que precisam acontecer.
Sintomas físicos (psicossomáticos) que não apresentam melhora com outros métodos.
Gostou desse artigo? Venha conhecer a psicoterapia que integra mente e corpo.
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